O estado do Rio de Janeiro relata um aumento do número de acidentes com escorpiões. E Búzios, uma cidade famosa da região dos lagos está em alerta para a presença de uma espécie perigosa.
Mas isso não é exatamente novidade. Isso já vem ocorrendo em vários estados brasileiros desde pelo menos 2019.
A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam dor imediata, vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento é sintomático.
Movimentos súbitos, involuntários de um músculo ou grupamentos musculares (mioclonias) e contração muscular pequena e local (fasciculações) são descritos em alguns acidentes por Escorpião-preto-da-Amazônia.
Já crianças abaixo de 7 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo adequado.
Após intervalo de minutos até poucas horas (duas a três) podem surgir os seguintes sintomas: sudorese profusa, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hipertensão ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque.
A presença dessas manifestações indica a suspeita do diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada ou identificação do animal.
Crianças constituem o grupo mais suscetível ao envenenamento sistêmico grave.
Como prevenir acidentes com escorpiões
• Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas.
• Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada.
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas.
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo.
• Não colocar as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea.
• Usar calçados e luvas de raspas de couro.
• Como muitos destes animais apresentam hábitos noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer.
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques.
• Combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento dos escorpiões que deles se alimentam.
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas.
• Afastar as camas e berços das paredes.
• Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Não pendurar roupas nas paredes; examinar roupas, principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir.
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões.
• Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos.
O que fazer em caso de acidente com escorpião
• Limpar o local com água e sabão.
• Aplicar compressa morna no local.
• Procurar orientação imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência).
• Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saúde para saber quais os pontos de tratamento com o soro específico em sua região.
• Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde.
O que não fazer em caso de acidente com escorpião
• Não amarrar ou fazer torniquete.
• Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer curativos que fechem o local, pois isso pode favorecer a ocorrência de infecções.
• Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada.
• Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro.
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DRA. RENATA BERANGER
MÉDICA INFECTOLOGISTA
CRM 52.71730-4
RQE 36746