Após um mutirão para realização de cirurgias oftalmológicas no Amapá, índices de infecção pós procedimentos chegam a mais de 70 por cento. Das 141 cirurgias realizadas no dia 4 de setembro, mais de 100 pacientes apresentaram sintomas dias depois da realização da cirurgia.

O que aconteceu com esses pacientes? Foi uma infecção pós operatória chamada de endoftalmite.

Endoftalmite é um processo inflamatório confinado no interior do globo ocular decorrente de infecção por microrganismos, uma das mais temidas complicações após procedimentos oftalmológicos invasivos.

É considerada como aguda se sua apresentação for em até seis semanas após o procedimento. Este tipo de infecção pós-operatória tem uma incidência variável de acordo com o procedimento cirúrgico, podendo chegar até 0,70% . Em média, as maiores incidências são após os transplantes de córnea com 0,36%, as cirurgias antiglaucomatosas com 0,23%, a cirurgias para remoção da catarata com 0,17%, as injeções intravítreo com 0,06%e as cirurgias de vitrectomia posterior com 0,05%. Os agentes etiológicos mais comuns são os gram-positivos, sobretudo os Staphylococcus Coagulase Negativa seguidos pelos gram-negativos e menos comumente os fungos.

O aparecimento dos sinais e sintomas geralmente ocorre nos primeiros quatro dias após a cirurgia, porém podem ser diagnosticados mais tardiamente dependendo do agente etiológico, como os fungos.

Entre os sinais observados durante o diagnóstico, os principais são: hipópio, reação de câmara anterior (CA) e edema de córnea, seguidos por hiperemia conjuntival, presença de fibrina na CA e membrana inflamatória na região pupilar. Outros sinais incluem turvação do humor vítreo, dor e baixa acuidade visual. Esses são os sintomas mais comuns e de grande importância pelo fato de serem os principais motivos de retorno dos pacientes ao médico.

A despeito do tratamento, por meio da realização de cirurgia de vitrectomia posterior e injeção intravítreo de antibiótico, o prognóstico da endoftalmite é na maioria das vezes ruim, com uma acuidade visual final igual ou pior que a capacidade do avaliado de contar os dedos do avaliador. Em alguns casos, há a necessidade de transplante de córnea ou abordagens mais drásticas como enucleação ou evisceração que consiste, respectivamente, na retirada do globo ocular ou de seu conteúdo interno. Embora a incidência deste tipo de complicação seja baixa, em situações de surtos, o número de pacientes afetados pode ser elevado visto que normalmente várias cirurgias são realizadas em um único dia, sob condições semelhantes de risco.

Esse não foi o primeiro surto repostado para a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária e também não precisamos ficar nervosos sem querer realizar cirurgias oftalmológicas que são essenciais e muda a vida de muitas pessoas, devolvendo qualidade de vida. Segundo os dados do Ministério da Saúde, de 2013 a 2016 foram realizadas no Brasil mais de 4,3 milhões de procedimentos invasivos financiadas pelo Sistema Único de saúde (SUS). Destes, mais de dois milhões foram cirurgias de catarata.

Portanto, diante do grande número desses procedimentos realizados no Brasil, e das complicações relacionadas às endoftalmites, faz-se necessário reforçar as ações de prevenção e controle desse evento adverso, de forma a reduzir ao máximo os riscos relacionados e garantir a segurança dos pacientes.

E como fazer isso + Justamente respeitando as medidas de prevenção de infecções de sitio cirúrgico. Tanto no pré-operatório como avaliação dos fatores de risco dos pacientes, indicação de antibiótico profilaxia, limpeza da sala cirúrgica, esterilização do material cirúrgico entre vários outros fatores. Existem medidas no intra operatório , que vão desde a técnica cirúrgica utilizada até o curativo escolhido e no pós cirúrgico, justamente a manutenção de todos dos cuidados. Se algum destes itens falhar isso pode causar a infecção.

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DRA. RENATA BERANGER
MÉDICA INFECTOLOGISTA
CRM 52.71730-4
RQE 36746