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DRA. RENATA BERANGER
MÉDICA INFECTOLOGISTA
CRM 52.71730-4
RQE 36746

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Temos um tema extremamente importante e esperançoso para discutir. Vamos falar sobre o mais recente caso de cura do HIV, anunciado na Conferência Internacional de AIDS em Munique. Este é um avanço significativo na luta contra o HIV e estou muito animada para compartilhar todos os detalhes com você.

Recentemente, um homem alemão de sessenta anos tornou-se o sétimo paciente conhecido a ser curado do HIV. Ele foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda e, em 2015, recebeu um transplante de medula óssea como parte de seu tratamento.

O homem, que prefere permanecer anônimo, é apelidado de “novo paciente de Berlim”, uma referência ao primeiro “paciente de Berlim”, Timothy Ray Brown, a primeira pessoa a ser declarada curada do HIV em 2008, que morreu de câncer em 2020.

O transplante de células-tronco que o paciente recebeu é um procedimento complexo. O que torna esse caso particularmente interessante é que o doador tinha uma cópia da mutação genética CCR5-delta 32. Essa mutação confere uma certa resistência ao HIV, mas não uma imunidade completa como nos casos anteriores, onde os doadores tinham duas cópias da mutação.

Todos os outros pacientes, com exceção de um, receberam células-tronco de doadores de medula óssea que tinham uma mutação rara de um gene chamado CCR5, que impede a entrada do HIV nas células. Os doadores dos casos anteriores eram pessoas que herdaram duas cópias do gene mutante, uma de cada pai, o que as tornava “praticamente imunes” ao HIV. O novo paciente de Berlim é o primeiro a receber células-tronco de um doador que herdou apenas uma cópia, uma configuração muito mais comum que dá esperança de encontrar mais doadores em potencial.

Menos de 1% da população é portadora dessa mutação protetora contra o HIV, portanto, é muito raro que um doador de medula compatível tenha essa mutação.

Essa descoberta abre novas portas para pesquisas em terapias gênicas e tratamentos de HIV. Pode significar que, no futuro, mais pacientes poderão se beneficiar de procedimentos semelhantes, aumentando nossas chances de encontrar uma cura mais acessível e eficaz.

Atualmente, a nossa melhor estratégia é a terapia antirretroviral, que precisa ser mantida por toda a vida. A enorme maioria das pessoas que são infectadas não consegue controlar naturalmente o HIV. A intenção da terapia antirretroviral é “acordar” o vírus que está latente – “dormindo” dentro das células – e eliminá-lo.

É essa latência que torna tão difícil eliminar o HIV. “Tem uma quantidade de células – que é de 0,01% até 0,0001% – que têm vírus latente. O vírus latente vai acordando ao longo do tempo. Se você tratar as pessoas com a terapia antirretroviral, o vírus vai saindo da latência e você vai diminuindo essa porcentagem de vírus latente. Em algum momento ele some, mas estudos estimam que isso levaria 80 anos para acontecer.”