Surto de micobactéria pode ter causado infecções após cirurgias plásticas em Belo Horizonte.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar as denúncias relacionadas a uma dentista. Ao menos dez mulheres procuraram a Polícia Civil para informar que estão sofrendo consequências graves após procedimentos estéticos realizados com a profissional — como retirada de papada. As intervenções foram realizadas em dezembro de 2023 e, até hoje, as denunciantes afirmam estar sofrendo com infecções.

A ocorrência de surtos de infecções causadas por microbactérias, relacionadas aos cuidados com a saúde (hospitalares e não hospitalares), tem sido constatada em várias cidades brasileiras desde 1998.

As microbactérias de crescimento rápido são patógenos oportunistas geralmente associados com infecções pós-operatórias. Diferente de M. tuberculosis, este grupo de microbactérias não-tuberculosas pode crescer em meios bacteriológicos de rotina.

As operações estéticas apresentam um risco baixo de infecção de sítio cirúrgico (1 a 5%), sendo que os microrganismos isolados geralmente incluem os patógenos comuns da pele, tais como Staphylococcus aureus7. Apesar disso, outros microrganismos, entre eles, Mycobacterium fortuitum, Mycobacterium abscessus e Mycobacterium chelonae são cada vez mais identificados. Existem relatos de infecções pós-operatórias por micobactérias de crescimento rápido após mastoplastia de aumento, abdominoplastia, blefaroplastia, ritidoplastia, rinoplastia e lipoaspiração.

As características clínicas da infecção de sítio cirúrgico causada por micobactérias em cirurgia plástica geralmente aparecem várias semanas ou alguns meses após o procedimento, habitualmente quatro a seis semanas. O quadro envolve eritema local, enduração, microabscessos e drenagem serosa. Enquanto febre, calafrios ou outras manifestações de infecção sistêmica são raras. A drenagem pode ser purulenta, mas frequentemente é incolor e sem odor, lembrando um seroma estéril. Geralmente, o diagnóstico não é suspeitado inicialmente, as lesões são tratadas com incisão simples, drenagem e antibioticoterapia. Entretanto, o paciente não responde a esse esquema de tratamento inicial, levando ao retardo no diagnóstico.
O material obtido da drenagem da ferida e amostras de tecido devem ser mandados para análise microbiológica. A identificação direta inicial das micobactérias pode ser feita por um método rápido de coloração para bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR).

O aspecto mais importante na conduta das infecções por micobactérias é a prevenção. Há necessidade de cuidado rigoroso na limpeza e na esterilização do material utilizado nos procedimentos cirúrgicos, incluindo as soluções de marcação da pele (azul de metileno ou violeta genciana), fibras óticas , moldes de prótese de silicone e canulados.

Uma característica marcante das micobactérias de crescimento rápido está na resistência que apresentam aos medicamentos usados no combate à tuberculose. O M. massiliense, por exemplo, só se mostra sensível in vitro à amicacina, à claritromicina e à tigeciclina. Cada espécie do gênero Mycobacterium, no entanto, tem seu próprio perfil de sensibilidade. Daí a importância de fazer quanto antes o diagnóstico microbiológico, o antibiograma e a identificação do agente por sequenciamento de DNA.

O principal de toda essa notícia, é se você planeja realizar algum procedimento estético saiba quem é o profissional que vai te atender, se ele está capacitado para realizar o procedimento proposto se ele tem condições em seu estabelecimento e se ocorrer algum tipo de complicação se ele estará apto a resolver.